quarta-feira, 10 de setembro de 2014

SONETO, POR NICOLAU TOLENTINO

Consultar por aqui- «POESIA - NICOLAU TOLENTINO»

«A Feliz Cegueira»
Escultura de Sérgio Bustamante

CEGUEIRA DE AMOR

Fiei-me nas promessas que afectavas 
Nas lágrimas fingidas que vertias, 
Nas ternas expressões que me fazias, 
Nessas mãos que as minhas apertavas. 

Talvez, cruel, que, quando as animavas, 
Que eram doutrem na ideia fingirias, 
E que os olhos banhados mostrarias 
De pranto, que por outrem derramavas. 

Mas eu sou tal, ingrata, que, inda vendo 
Os meus tristes amores mal seguros, 
De amar-te nunca, nunca me arrependo. 

Ainda adoro os olhos teus perjuros, 
Ainda amo a quem me mata, ainda acendo 
Em aras falsas, holocaustos puros. 

Nicolau Tolentino

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