segunda-feira, 21 de abril de 2014

POESIA - SÍLVIO ROMERO

O poeta, escritor e crítico literário brasileiro Sílvio Vasconcelo da Silveira Ramos Romero, ou simplesmente Sílvio Romero, nasceu em Lagarto (actual Laranjeiras), Estado De Sergipe, a 21 de Abril de 1851. Contemporâneo de Tobias Barreto, colaborou como crítico em vários periódicos pernambucanos e cariocas. Sílvio Romero faleceu no Rio de Janeiro, a 18 de Junho de 1914.
Poet'anarquista
Sílvio Romero
Poeta e Escritor Brasileiro
Breve nota biográfica…

Sílvio Romero (1851-1914) foi escritor e político brasileiro. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico brasileiro e fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 17. Foi também folclorista, poeta, jornalista, crítico literário e professor. Era sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

Sílvio Romero nasceu na vila e actual cidade de Laranjeiras, Sergipe, no dia 21 de Abril de 1851. Filho do comerciante português André Ramos Romero e Maria Vasconcelos da Silveira Ramos, foi levado ainda pequeno para o engenho do avô, onde viveu por cinco anos. Ainda jovem foi para o Rio de Janeiro, onde estudou humanidades com os melhores professores. Foi aluno do colégio de Nova Friburgo.

Em 1868, vai para o Recife e ingressa na Faculdade de Direito. Polémico e contraditório, foi influenciado por seu conterrâneo Tobias Barreto, que cursava o 4º ano. Em 1869, publica o seu primeiro livro «A Poesia Contemporânea». Quando estava no 2º ano, colaborava para vários jornais, entre eles, o Diário de Pernambuco, a República, o Liberal, o Correio de Pernambuco e o Americano.

Em 1873, conclui o curso de Direito. Em 1875, ao defender a sua tese de doutorado, trava uma discussão com um de seus examinadores, o professor Coelho Rodrigues. A agressão resultou num processo, que não teve consequências. Transfere-se para o Rio de Janeiro onde ganha um concurso para professor de filosofia do internato do Colégio Pedro II. Passa a desenvolver intensa actividade como escritor e jornalista. Neste ano escreve «Etnografia Selvagem».

Sílvio Romero escreveu vários livros que abordavam diversos assuntos ligados à cultura popular, revelando-se um grande folclorista. Escreveu sobre filosofia no Brasil e sobre escolas filosóficas diversas. Tratou sobre estudos sociológicos, políticos e história literária. Em 1878, escreve «Filosofia no Brasil», publicado em Porto Alegre. A sua obra mais importante é «A História da Literatura Brasileira», publicado em 1882.

Sílvio Romero foi eleito deputado provincial e depois federal, pelo Estado de Sergipe, no governo do Presidente Campos Sales.

Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero morreu no Rio de Janeiro, no dia 18 de Julho de 1914.
Fonte: www.e-biografias.net/

XVIII - A ESCRAVIDÃO

Moça a terra uma vez ouvira um grito
Com que as selvas robustas ecoaram;
Era Adão, pai dos homens, que bradava:
"Caim!" Caim!... as gerações clamaram.

Clamaram no futuro. Os séculos todos
Apressados, ruidosos, têm chegado,
Procurando abafar o grito eterno
Aos ruídos das festas; mas... baldado!

Embalde o mar arroja as suas vagas
Para lavar dos homens a memória;
Sempre a mancha se avista no horizonte,
E a lauda negra dorme lá na história.

— E o pensador curvado que medita —
— Como rasgar a página da ira, —
Alça-se a fronte, ofuscado por um brilho,
Brada: — "Achei!" Mas o mundo diz "Mentira!"

É a voz dos desgraçados, dos perdidos
Para o festim dos livres, que se escuta;
É o choro dos cativos, alternando
Das cadeias com o som, que a vida enluta.

É a voz dos corações roto aos ventos
Que vai falando... As mágoas não se calam.
É o choro dos opressos, de onda em onda,
Retumbando nos templos, que se abalam.

Cresça mais essa vaga escarcelosa;
Desse mar é que o dia vem raiando,
E desse turbilhão brotam os monstros,
Que os tronos e a miséria vão tragando.

(...)

Sílvio Romero

BALAIO

(Rio Grande do Sul)

Balaio, meu bem, balaio,
Balaio do coração;
Moça que não tem balaio
Bota a costura no chão.

Balaio, meu bem, balaio,
Balaio do presidente:
Por causa deste balaio
Já mataram tanta gente!...

Balaio, meu bem, balaio,
Balaio de tapeti;
Por causa deste balaio
Me degradaram daqui.

Sílvio Romero

A BARATA

(Sergipe)

Nada há no paraíso
Que me faça eu falar;
Não há sapo nem barata
Que me possa incomodar.

Eu vi uma barata
No capote de vovô;
Quando ela me avistou
Bateu asas e voou.

Eu vi uma barata
Com a tesoura na mão,
Cortando calças, camisas,
Vestidos de babadão.

Eu vi uma barata
Sentada fazendo renda,
E também eu vi um rato
Ser caixeiro de uma venda.

Eu vi uma barata
Sentada numa costura.
E também eu vi um rato
De pistola na cintura.

Eu vi uma barata
Na janela namorando,
Vi um sapo de luneta
Pela rua passeando.

Eu vi uma barata
Na ladeira da preguiça
E também vi um cachorro
Amarrado com linguiça.

Sílvio Romero

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