domingo, 8 de dezembro de 2013

«FANATISMO», POR FLORBELA ESPANCA

A poetisa portuguesa Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, conhecida como Florbela Espanca, nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894. A sua vida, cheia de ansiedade e sofrimento íntimos, deu origem a poesia de grande qualidade e carregada de erotismo. Florbela Espanca pôs termo à vida no dia em que cumpriu trinta e seis primaveras, 8 de Dezembro de 1930. O soneto que hoje se transcreve, «Fanatismo», foi escrito para seu irmão Apeles Espanca por quem Florbela era apaixonada. Boa leitura de fim de semana!
Poet'anarquista
 Florbela e irmão Apeles Espanca
Florbela Espanca: Poetisa Portuguesa

FANATISMO

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

Florbela Espanca

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