sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

«A ONDA E O ROCHEDO», POR PEREIRA DE SOUSA

O poeta brasileiro Pedro Luis Pereira de Sousa, ou simplesmente Pereira de Sousa nasceu em Araruama, a 13 de Dezembro de 1839. Já com referencia neste espaço, recorda-se mais uma vez através da sua poesia em data de efeméride do seu nascimento, com o poema «A Onda e o Rochedo». Tome nota...
Poet'anarquista
Rochedo: Cabeça de Rinoceronte
Mar de Odeceixe

A ONDA E O ROCHEDO

Onda azul e dourada, 
Toda trémula de medo, 
Correndo ao sopro da brisa, 
Foi-se abraçar ao rochedo, 
E perguntou-lhe com pena: 
«Ai, dize, que é que envenena 
As horas do teu viver? 
Sobre ti... nuvens brincando 
Em volta as garças voando, 
E tu, meu pobre, a sofrer!... 
Conta-me o triste segredo 
Que te consome, rochedo, 
Não sabes rir, nem chorar: 
Há no céu tantos sorrisos! 
Pelo mundo tantos paraísos! 
E tanta força no mar». 

O rochedo do oceano, 
Que um sonho nunca namora, 
Disse na voz da tormenta: 
«Ai, vaga, vaga sonora! 
As nuvens tão cintilantes 
Em teus seios radiantes 
Vão alegres se mirar, 
Gaivotas, uma por uma, 
Em tua cinta de espuma, 
Vão suas asas roçar. 
Para mim - pobre rochedo - 
Se fez a mágoa, o degredo; 
Que dor; nem podes sonhar! 
Não podem matá-la os risos 
Nem da terra os paraísos 
E nem as festas do mar...»

Pereira de Sousa

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