segunda-feira, 18 de março de 2013

SONETO DE ANTÓNIO NOBRE

Foi no dia 18 de Março de 1903 que nos deixou o poeta português António Nobre. O autor de «Só» e «Despedidas» falecia com apenas 33 anos, vítima de doença prolongada. Pode consultar aqui- «POESIA - ANTÓNIO NOBRE» ou ainda aqui- «POESIA - ANTÓNIO NOBRE», sobre vida e obra deste grande poeta português do séc. XX. Hoje publica-se em sua homenagem o soneto com o título, «Menino e Moço». Boa leitura!
Poet'anarquista
António Nobre
Poeta Português

MENINO E MOÇO

Tombou da haste a flor da minha infância alada. 
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim: 
Voou aos altos céus a pomba enamorada 
Que dantes estendia as asas sobre mim. 

Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada, 
E que era sempre dia, e nunca tinha fim 
Essa visão de luar que vivia encantada, 
Num castelo com torres de marfim! 

Mas, hoje, as pombas de oiro, aves da minha infância, 
Que me enchiam de lua o coração, outrora, 
Partiram e no céu evolam-se à distancia! 

Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais: 
Voltam na asa do vento os aias que a alma chora, 
Elas, porém, senhor, elas não voltam mais... 

António Nobre

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo, não é?