sexta-feira, 25 de maio de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXVII DÉCIMAS

O poeta popular Joaquim José Pacheco nasceu em Montes Juntos, freguesia de Santo António de Capelins do concelho de Alandroal, a 21 de Julho de 1924. Foi de profissão cantoneiro de vias municipais e exerceu cargo político como Presidente da Junta de Freguesia de Ferreira de Capelins. José Pacheco começou a fazer poesia  contava apenas 16 anos.
Poet'anarquista
Joaquim José Pacheco
Poeta Popular

MOTE

A terra que não dá pão
A árvore que não dá fruto
Malandro que não trabalha
Donde lhe vem o produto?

Glosas

Há terra que, óbviamente
O agricultor não deseja
Por bem tratada que seja
Nada dá infelizmente.
Perde-se trabalho e semente
Por ser estéril o chão
Como não dá produção
Mesmo sendo cultivada,
É por todos desprezada
A terra que não dá pão.

Nessa terra só existe
Terreno inculto e bravio
Quer de Inverno quer no Estio
Até olharmos é triste.
Nela a solidão persiste
Esse chão fero* e bruto
Dá vontade de pôr luto
Por essa terra malvada,
É  a ela comparada
Árvore que não dá fruto.

Se bem pensarmos no fundo
Não devia existir
Devia-se proibir
Sua existência no mundo.
Não sendo o solo fecundo
Em vez de produzir, falha
A árvore que a igualha**
Também se deve cortar,
Qualquer delas faz lembrar
Malandro que não trabalha.

Também afecta a sua presença
Se não pode justificar
Pois se não vive a roubar
Tudo ao contrário disso pensa.
Quem há pois que me convença
Que sem trabalhar um minuto
Comer sem fazer puto***
Que interessa à sociedade,
Vamos lá ver na verdade
Donde lhe vem o produto.

José Pacheco
    *Bravio
  **Iguala
***Sem fazer nada
  

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