domingo, 26 de junho de 2011

2ª EDIÇÃO - «POR TERRAS DO ENDOVÉLICO»

Intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Alandroal na Sessão de Abertura da 2ª Edição do Evento «Por Terras do Endovélico».
Poet'anarquista
João Maria Grilo
Presidente da Câmara Municipal de Alandroal

Discurso de Abertura da 2ª Edição «Por Terras do Endovélico»

Abrimos hoje a segunda edição do “Por Terras do Endovélico”: Nove Dias à Descoberta do Concelho de Alandroal. Em relação à primeira, realizada há um ano atrás, o evento cresceu – sem esquecer a sustentabilidade – amadureceu e apresenta-se hoje mais próximo dos objectivos com que foi criado.

Nesta segunda edição este evento afirma-se já como o principal momento de promoção do concelho tanto para dentro como para o exterior. Apresentamos hoje um evento multifacetado em que o legado histórico e cultural de Endovélico abre as portas à ciência, à cultura, à música, à gastronomia e às actividades económicas.

Mais do que um momento de festa e de afirmação do concelho – o que também é importante – este é mais um momento de dinamização da economia local com o envolvimento dos restaurantes, dos alojamentos e de outros agentes locais com um fim comum, na linha do que tem sido a nossa actuação global ao criarmos eventos “virados para fora” mas com um profundo envolvimento da comunidade local.

Este ano, o evento surge com uma atenção especial à nossa agricultura e ao nosso tecido produtivo. Num momento em que vão sendo muitas as vozes que se levantam em defesa da interioridade e de um “regresso à terra” como importantes contributos para ultrapassarmos a crise em que mergulhámos – argumentos estes com os quais não poderia estar mais de acordo – apresentamos uma Feira de Actividades Económicas no fim de semana de 01 a 03 de Julho e dois Mercados de Produtos Regionais nos dois Sábados do evento.Tenho a certeza que aqueles que nos visitam e muitos dos nossos munícipes vão ficar surpreendidos com o muito que se faz neste concelho a este nível.

Mas o muito que se faz é o melhor sinal do muito mais que se pode vir a fazer. A agricultura e as agro-industrias têm ainda um enorme potencial de crescimento neste concelho, e esta autarquia vai estar sempre ao lado dos investidores que queiram fazer esta aposta. 
Entendemos ainda que a preservação do mundo rural e da sua cultura e tradições é também um factor crucial para a consolidação do Alandroal como destino turístico, no contexto de Alqueva e do Alentejo. Sem esta aposta não teremos nada de diferenciador para oferecer a quem nos visita.

Ao nível da gastronomia apostamos este ano na simplicidade e riqueza do que a nossa terra dá de melhor – o pão, o azeite, a azeitona, o tomate... – e apresentamos, durante os nove dias nos restaurantes aderentes, a “Mostra Gastronómica do Gaspacho”. Na essência, talvez o mais simples dos pratos alentejanos, mas com uma riqueza e diversidade de acompanhamentos que por certo surpreende.

À ciência, em particular à Arqueologia, está também reservado um papel de destaque. Nas palestras de Sábado, dia 02 de Julho, vamos contactar com as últimas investigações ligadas ao deus Endovélico, assim como com outros trabalhos de Arqueologia em desenvolvimento no concelho neste momento, em particular no que diz respeito à revisão da Carta Arqueológica do Concelho, iniciada por nossa iniciativa neste mandato.

Sejamos claros, os objectivos do município ao evocar a figura de Endovélico como cartão de visita da região e “mestre de cerimónias” deste evento são puramente culturais, históricos, educacionais e promocionais. O culto a Endovélico, onde e nas formas em que exista, é algo que respeitamos e que deixamos ao cuidado dos directamente envolvidos.

No passado dia 18 de Maio foi apresentado, no Museu Nacional de Arqueologia, um novo conjunto escultórico romano encontrado no Santuário a Endovélico, em S. Miguel da Mota. Recomendo vivamente a todos uma visita a esta exposição. Este novo conjunto, associado ao que já vinha sendo adicionado às colecções do museu desde os trabalhos de Leite de Vasconcelos, e que corresponde a cerca de 90 peças, são a prova da importância impar deste legado a nível nacional. Às vozes que defendem o regresso destas peças ao Alandroal, deixem-me que vos diga com toda a franqueza, dada a sua importância, nunca o Museu Nacional de Arqueologia o permitiria. Contudo, é possível encontrar soluções de partilha do espólio, e é nisso que temos estado a trabalhar. Posso anunciar que já convidei os investigadores que têm desenvolvido trabalho ligado a Endovélico, professores Carlos Fabião, Thomas Schatnner e Amílcar Guerra para, em conjunto com o Doutor Luís Raposo, Director do Museu Nacional de Arqueologia, constituírem a comissão científica do projecto do “Centro Interpretativo do Endovélico”, que contamos ter concluído antes do final do mandato.

Por fim, quero salientar que não esquecemos que apresentamos este certame num cenário de crise e de grandes dificuldades para as famílias. Este é um evento pensado e desenvolvido com grande contenção orçamental. Os fundos comunitários obtidos no âmbito da “Rede Terras do Sol” permitem fazer face às despesas com os espectáculos e outras despesas associadas ao evento até cerca de 50% do investimento total. E o total de investimento é, seguramente 10 vezes menos – repito, 10 vezes menos – do que foi gasto em equivalente evento promocional realizado no mandato anterior e que ainda hoje estamos a pagar. Só com muito trabalho e muita imaginação é possível oferecer um evento equilibrado como este, sem comprometer os esforços de canalização de recursos para onde estão as principais necessidades: a acção social, a educação, o apoio às famílias.

Por isso quero agradecer a todos os que estão a dar o seu contributo para a realização deste evento, às unidades de turismo, aos restaurantes, aos expositores... sem a vossa colaboração nada disto seria possível. Quero agradecer também o extraordinário trabalho de equipa, de entrega e de envolvimento de um grupo de pessoas que sendo autarcas, funcionários ou colaboradores da autarquia tem em comum o amor a esta terra e a vontade de a ver crescer e afirmar-se. Quando a entrega é total, os resultados aparecem, e não se pode pedir mais.

A todos muito obrigado!
Fonte: MUDA

4 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

É meritória a iniciativa. É meritório o discurso, certas as palavras e as aspirações. Receio que os pouco menos de 6 mil eleitores seja ouvidos para a decisão que a troika terá definido. Será o Alandroal um concelho em vias de ser banido?

Camões disse...

Poet'anarquista em completa sintonia com o discurso realista do Presidente da Câmara.

Deixem-me que vos diga: já tinha esclarecido alguns amigos não ser possível trazer de volta espólio (peças únicas) encontrado em São Miguel da Mota.

Mandar fazer réplicas destas peças é a solução para poderem estar expostas e ser visitadas num futuro espaço museológico do concelho.

Terena afigura-se a localidade indicada, dada a sua proximidade com o local onde foi encontrado o espólio de São Miguel da Mota.

Porém, haverá peças achadas em outras escavações no concelho que poderão regressar se forem criadas as condições necessárias.

Recordo que no programa do MUDA, sufragado a 11 de Outubro de 2009, se faz referência a três espaços museológicos para o concelho: Alandroal, Terena e Juromenha.

Nesta área cultural do nosso património histórico estou certo que deve ser o caminho a seguir.

Um abraço!

AC disse...

Deste discurso tomo a nota importante: João Grilo baixa os braços no que diz respeito ao regresso do espólio de Endovélico para o Alandroal. Cit - "Às vozes que defendem o regresso destas peças ao Alandroal, deixem-me que vos diga com toda a franqueza, dada a sua importância, nunca o Museu Nacional de Arqueologia o permitiria".
Este país é realmente o de "salteadores da arca perdida".
Então não se anulou o empreendimento de uma barragem para salvar as gravuras do Côa... (missão considerada impossível).
Mas eu percebo que se pudessem carregar com "elas" já estariam no tal MNA.
Temos, felizmente, muita gente no país que não pensa assim. De tal modo que achados de grande valor, às centenas, ficaram para sempre instalados nos locais da sua origem. Porque alguém disse o contrário do acima referido: ...dada a sua importância, nunca o Alandroal permitirá a sua deslocação para outro sítio que não seja o da sua origem.
Quanto à questão premente posta pelo Rogério Pereira "Será o Alandroal um concelho em vias de ser banido?". Quem sabe se o Museo Nacional de Arqueologia, dada a sua importância, o transporta em peso para o seu arquivo da capital!
Acordem alandroalenses... mexam-se porra.

A bem da Nação

AC

Anónimo disse...

No actual momento, e perante uma conjectura extremamente difícil, ninguém estaria mais interessado que o presidente da câmara em fazer regressar esse espólio ao concelho... acaso isso não lhe traria benefícios eleitorais para uma reeleição?
Quanto a sermos banidos como concelho: a troika não ouve, impõe!... Ainda há quem duvide? Ler memorando da troika, está lá preto no branco. Acham mesmo que eles nos querem ouvir?
Vou ouvir o "FMI" de José Mário Branco, creio que por enquanto não consta do memorando ser banida a sua audição...